Como a Inteligência Artificial pode mudar a forma como consumimos arte?
O uso de inteligência artificial para criar arte vem gerando discussões entre artistas do mundo todo, principalmente depois que uma colagem digital feita por uma IA venceu um concurso promovido pela Colorado State Fair, nos Estados Unidos, no ano passado.
Apesar da polêmica, é fato que a inteligência artificial está abrindo espaço nas artes. A chegada de IAs generativas, como ChatGPT, Midjourney e Dall-E, ferramentas capazes de gerar imagens a partir de textos escritos por humanos, agitou artistas e o próprio mercado de arte. Com as obras geradas por computador presentes nos museus, muitos se perguntam: como a inteligência artificial pode alterar a forma como consumimos arte?
Primeiro de tudo: imagens geradas por IA são consideradas arte? A plataforma Dall-E Work Art oferece, à sua maneira, um vasto campo de possibilidades e democratiza a produção de imagens que podem ser consideradas, de certa forma, artísticas – essa questão, vale dizer, é polêmica por si só.
Os limites da arte são discutidos há séculos por artistas, antropólogos, sociólogos, entre outros. A estética é um ramo da filosofia que trata especificamente das definições do belo, tão complexa é a questão.
De acordo com o dicionário de Oxford, a arte é “a expressão ou aplicação da habilidade criativa e imaginação humana, normalmente em forma visual, como pintura ou escultura, produzindo obras a serem apreciadas principalmente por sua beleza ou poder emocional”. Por isso, se pararmos no “humano”, as imagens geradas por IAs não são arte. Porém, ao dar um pouco mais de elasticidade ao conceito, podemos acreditar que as obras concebidas por Dall-E podem ser “apreciadas por sua beleza ou poder emocional”.
Portanto, cabe ao apreciador e consumidor de uma obra produzida por inteligência artificial avaliar se tal obra pode ser considerada verdadeiramente artística e, portanto, comparável em valor àquela produzida por um artista humano.
O primeiro impacto das imagens de inteligência artificial ocorre na agilidade entre o que pode ser concebido intelectualmente e o que pode ser efetivamente realizado.
A lacuna entre a ideia criativa e o produto acabado é consideravelmente reduzida e, além disso, dezenas de possibilidades podem ser exploradas a partir das ideias iniciais.
A experiência de compra de itens que utilizaram obras geradas por IA de alguma forma pode se dar de diversas formas, todas ligadas à forma como as marcas desejam se comunicar visualmente com seu público. Assim, em um futuro próximo, especialistas acreditam que será possível assistir a uma verdadeira explosão de formas de comunicação, visando não um público-alvo, mas cada consumidor: ” Um xampu feito para o seu DNA e cujo rótulo fala diretamente com você.”
Artistas, músicos, escritores, jornalistas, entre tantos outros profissionais criativos, estão cientes do potencial das aplicações generativas de IA – aquelas que conseguem produzir conteúdo original a partir de seu banco de dados e de uma lógica interna de “colagem” de elementos.
Não há dúvidas de que essas plataformas vieram para ficar. É uma questão apontada por especialistas em relação à ética das relações entre os produtores de conteúdo e seu público ou cliente: os consumidores devem ser avisados que a obra foi feita em parte ou totalmente por IA generativa, assim eles poderão avaliar a obra a partir da forma como foi gerada.
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