Metaverso pode ajudar na reabilitação de pessoas com deficiência
A Universidade de São Paulo (USP), por meio de um estudo cuidado por pesquisadores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, revelou uma nova aplicação do metaverso, um mundo virtual interativo, na reabilitação de pessoas com deficiência. O estudo, realizado durante o período de isolamento social da pandemia de Covid-19, envolveu a participação de 44 pessoas com paralisia cerebral.
As pessoas com paralisia cerebral enfrentam desafios motores associados a alterações sensoriais, aprendizado e comunicação. Com o objetivo de melhorar sua capacidade motora, os participantes foram autorizados a realizar atividades de telereabilitação em realidade virtual, com o apoio remoto de investigador e auxílio de um responsável.
Uma das atividades consistiu na coleta de bolinhas coloridas que caíram na tela do computador, onde os movimentos dos participantes foram detectados pela câmera. Durante o jogo, foram avaliados os níveis de esforço e fadiga percebidos pelos participantes, bem como a performance motora, medida pela precisão dos movimentos, número de acertos e erros, além da motivação e satisfação dos participantes.
Embora a melhora na performance no jogo não tenha sido constante, os pacientes receberam uma recepção positiva aos jogos, considerando-os divertidos e mostrando interesse em continuar a usá-los em suas terapias. O professor Carlos Monteiro, coordenador da iniciativa e docente do curso de Educação Física e Saúde, afirmou que as pessoas demonstram maior motivação para realizar a reabilitação em ambiente virtual.
O estudo realizado pela USP não utilizou um metaverso imersivo, que requer o uso de óculos de realidade virtual. As tarefas podiam ser realizadas de forma mais acessível, apenas com um computador ou celular e uma boa conexão com a internet. Isso facilita o acesso das pessoas à forma de reabilitação virtual, evitando custos com equipamentos caros e deslocamentos para laboratórios com tecnologias avançadas. Além disso, o terapeuta pode atender a mais de um paciente por vez e pessoas de diferentes localidades têm acesso a esse tipo de tratamento.
É importante ressaltar que o metaverso é considerado uma estratégia complementar aos métodos tradicionais de recuperação, não uma substituição. Carlos Monteiro destaca que tarefas mais desafiadoras no ambiente virtual facilitam o desempenho das atividades na vida real. Entre os desafios para o amplo uso do metaverso na área de saúde estão o investimento por parte de empresas e a adaptação de algumas pessoas a plataformas digitais. No entanto, o uso do metaverso na educação e saúde é considerado desejável, mesmo que sua adoção possa ser adiada.
O estudo realizado pela USP mostra o potencial do metaverso como uma ferramenta inovadora na reabilitação de pessoas com deficiência, oferecendo uma alternativa de engajamento e melhoria de desempenho por meio da telereabilitação em ambiente virtual.
Fonte: Jornal da Usp
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